quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Da série o poeta e o poema - nº 2

Foto do querido Gurgel, que fez o poema abaixo pra mim, com cara de gente normal (queria registrar aqui um protesto pela volta da barba e do cabelão, que a cara de louco era muito mais legal!) e a capa do seu novo livro! 
 
 
TERRITÓRIO DA VIDA
( p/ May Pasquetti )
Cgurgel
acho que foi o frio o culpado dessa rara conversa entre nós. como se o frio, fizesse com que, eu permanecesse em silencio. como se congelasse meu coração.
ele, o frio, desencadeou em mim, um silencio sagrado e profano.
um stand by. apesar dos meus olhos acesos, e do meu coração em um turbilhão de batidas
e assim permaneci. mudo. absorvido. congelado.

entre poemas e o frio. entre pessoas e o frio. entre o vinho e o frio. entre as ruas e o frio. entre você e eu.
para mim, qualquer coisa, menos que vinte graus, eu emudeço.
e assim permaneci. calado. marcado.
como um pássaro desejando voar diálogos.
como um pássaro querendo se desnudar do silêncio.
como um pássaro com asas e letras, pronto para o voo.
pronto para a noite e para o que a noite que eu escolher, me dar.
como se estivesse guardado. escondido entre desejos
como se estivesse querendo confirmar o olhar, o gesto, o instante.
como se estivesse querendo dizer para mim, que eu poderia ter sido mais. assim, tão intenso, como agora sou.
e, que por mais que eu repita: o frio me congelou.
e aqui. agora, aqui onde eu moro. tudo volta na memória, como se destampasse das minhas lembranças, tudo que poderia ter vivido
entre o frio e a Beleza.
beleza que me congelou. e que me arrepio quando eu falo.
por que?
porque é do que eu preciso. de um vento que leve minha face muda e notívaga.
de um vento que me traga o perfume de uma môça.
que esse perfume liberte, em mim, o que de mais sagrado possa ter em um desejo.
de uma veloz e cristalina celebração. confirmação do que meu corpo e espírito revelam
de tudo, de tanta coisa.
de um mar onde mergulho. de um rio onde me banho. de um oceano onde me acordo.
e de tudo, exatamente tudo que me faça sorrir e acreditar no amor
na força que a palavra tem, e no destemor de gestos e olhar.
como se a mim, fosse permitido escolher entre o sorriso e o silêncio de quem espera por mim.
entre um barco e um farol.
entre a vela e a luz que ilumina rios e mares.
entre a cachoeira de uma palavra que simplesmente é dita no momento preciso.
por que tudo, absolutamente tudo é prisioneiro do que a emoção alcança.
entre a lua e a vontade.
entre a distância e a vontade.
entre o desejo e a vontade.
entre o poema e a vontade.
entre a vontade e a verdade.
de uma verdade que acorde o que ficou esquecido pelo caminho.
entre o que ficou no rio onde o banho que ele pedia, era feito de conquistas e esperanças.
e como criança, eu sei que um dia, o tempo será meu amigo, e saberei dormir o sono do que sempre busquei: um ramalhete para te dar.

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